(Especial Oscar 2013: crítica do filme
“Argo”)
Aviso: A crítica contém spoilers! Só
leia se você já assistiu ao filme ou se não liga de saber sobre alguns fatos
importantes antes de vê-lo.
“Argo”...
Esse é o nome da nau
usada por Jasão e os Argonautas para ir à Cólquida, atual Geórgia, em busca do
velo de ouro.
Ou seja... Uma palavra
que não tinha significado nenhum para a maioria das pessoas (a não ser para
especialistas ou apreciadores da história da mitologia grega), hoje, além de
simbolizar o filme mais maduro da carreira de Ben Affleck, também o consagra,
enfim, como um verdadeiro e respeitado diretor de Hollywood.
Ben Affleck já havia
dirigido dois longas antes, “Medo da Verdade”, 2007, que marcou a sua estréia
como diretor de Hollywood, e “Atração Perigosa”, 2010. Ambos tiveram indicação
ao Oscar, o primeiro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, para Amy Ryan, e
o segundo na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, para Jeremy Renner. Nenhum levou
o prêmio.
Após dois filmes muito
bons, consistentes e interessantes, mas sem nada que chamasse muita atenção da
Academia, Ben Affleck dessa vez conseguiu fazer com que os holofotes se
voltassem para ele, com um competentíssimo trabalho que narra uma história
baseada em fatos reais, porém desconhecida, que mostra uma tensão política,
ainda atual, e satiriza Hollywood, em sua “aventura” mais heróica.
Apesar de ter sido
indicado à categoria de Melhor Filme dessa vez, o Oscar ainda não valorizou o
trabalho de Ben Affleck por completo, deixando-o de fora da importantíssima
categoria de Melhor Diretor. Já o Globo de Ouro deu muito mais valor, não só
indicando como também dando o prêmio de Melhor Diretor e Melhor Filme de Drama
para ele.
“Argo” se passa em 1979
e conta a história da chamada “Crise de reféns no Irã”, na qual iranianos
furiosos com a recusa do governo dos Estados Unidos da América de entregar o xá
Reza Pahlevi, deposto pelo aiatolá Khomeine, invadem a embaixada dos EUA no
Irã, fazendo 54 pessoas de refém. Em meio ao caos, seis funcionários conseguem
escapar e se refugiam na casa do embaixador canadense em Teerã, Ken Taylor.
Com todos cientes de
que era apenas uma questão de tempo até eles serem encontrados e mortos, a CIA
entra em cena e o seu vice-diretor assistente, Jack O’Donnell (protagonizado
muito bem pelo ator Bryan Cranston), contrata o especialista em exfiltração
Tony Mendez, feito pelo próprio Ben Affleck, que arquiteta um arriscado plano,
no qual ele finge estar realizando um filme de ficção científica, chamado
“Argo”, para tirá-los do país. Para que isso se concretize com sucesso, Tony
precisa de tudo que faça o filme parecer real, portanto, ele contrata duas
figuras que conhecem Hollywood como a palma de suas mãos: o produtor Lester Siegel,
protagonizado por Alan Arkin (indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo
papel), e John Chambers, feito pelo ator John Goodman.
O roteiro da produção
cinematográfica foi adaptado com base nos relatos reais do livro “Master of
Disguise: My Secret Life in the CIA”, escrito pelo próprio Antonio J. Mendez, e
também no artigo “How the CIA Used a Fake Sci-Fi Flick to Rescue Americans From
Tehran”, de Joshuah Bearmen, publicado na revista Wired.
Na CIA desde 1965,
Antonio J. Mendez era o chefe da Seção de Disfarce e supervisor das operações
de logística em ações de resgate, já tendo retirado quase uma centena de
pessoas de situações de risco em países como Irã, Vietnã e Rússia. Quando foi
chamado por Jack para cuidar do caso abordado no filme, o agente tinha 38 anos.
Hoje, Tony é aposentado (desde 1990) e é um premiado artista plástico e
escritor, residente de Maryland, onde mora com sua esposa e duas filhas.
O plano, que ocorreu no
terceiro ano do Governo Carter (1977-1981), ficou em sigilo por muitos anos,
sendo liberado e revelado na imprensa apenas no governo Clinton (1993-2001).
Dada à época em que se
passa o filme, Ben Affleck usou um truque brilhante que deu um importante
efeito ao filme. O diretor optou por filmar com uma película comum e depois cortou
os quadros pela metade, ampliando as imagens em 200% para aumentar os grãos e
dar a impressão de um filme feito em 1970. Além disso, Ben também usou os mesmo
movimentos de câmera das cenas agitadas do escritório de “Todos os Homens do
Presidente”, de Alan J. Pakula, um dos thrillers políticos mais representativos
da época. Visivelmente inconfundível. Já as cenas externas foram baseadas no
filme, também de 1976, “A Morte de um Bookmaker Chinês”, de John Cassavetes.
“Argo”, um dos melhores
filmes do ano de 2012 e favorito ao Oscar 2013, acaba exagerando um pouco na
dose de suspense, visto que a fuga dos seis na história real foi bem mais
simples do que a mostrada nas emocionantes cenas finais do filme. Porém, no
contexto do filme, isso acaba se tornando extremamente plausível e positivo,
dando ao espectador uma verdadeira aula de como se transformar um fato real em
um sucesso de Hollywood, afinal, se a fuga fosse mostrada como de fato
aconteceu, a produção não teria o tido o mesmo impacto e visibilidade.
“Absolutamente nada
daquilo aconteceu! É verdade que poderia ter havido problemas com a
documentação - que era a nossa maior vulnerabilidade, mas a CIA tinha feito seu
dever de casa e sabia que as autoridades iranianas de fronteira habitualmente
não fazem qualquer tentativa de checar documentos (verificando a entrada e a
saída). Felizmente para nós, havia poucos homens da Guarda Revolucionária. É
por isso que marcaram um voo às 05h30 da manhã, porque eles não eram zelosos o
suficiente para estar lá tão cedo. A verdade é que os oficiais de imigração mal
olharam para a gente. Tomamos um voo para Zurique e, em seguida, fomos levados
para a residência do embaixador dos EUA em Berna. Foi simples assim”, contou
Mark Lijek, um dos seis que conseguiram fugir (protagonizado no filme por
Christopher Denham), em entrevista à BBC.
Mark, assim como todos
os outros que estiveram lá e foram protagonizados no filme, mesmo com as doses
extras de suspense, ficou impressionado com o resultado do filme e diz ter se
tornado um grande fã do trabalho. “Eu me diverti com o verniz dado à verdade em
nome do efeito dramático.”
Quem não gostou muito
do resultado final, fruto do árduo trabalho de Ben Affleck foi... Claro... O
próprio governo do Irã, que planeja uma resposta ao filme. O “Argo” foi
considerado islamofóbico pelo país, já que o filme faz duras críticas ao
governo e costumes do país (apesar de apenas mostrar a realidade).
Os líderes políticos do
Irã irão financiar um filme que conte exatamente a mesma história, porém, do
ponto de vista iraniano. A produção, a princípio, irá se chamar “The General
Staff” e terá como diretor o aiatolá Salmanian, um diretor pouco importante
para o cinema. Os filmes iranianos mais clamados pela crítica internacional são
aqueles realizados por cineastas que não compartilham do conservadorismo do
governo do país, como é feito no filme “A Separação”, por exemplo.
Apesar da já esperada
crítica negativa do governo iraniano, o filme de Ben Affleck (produzido também
por George Clooney e Grant Heslov), mesmo com os fatos que não coincidem com a
realidade (plausíveis) e os personagens inventados (para amarrar melhor a
história), é uma grande produção cinematográfica que consagrou o cineasta
oficialmente como um novo grande diretor de Hollywood, o que em 2003, por
exemplo, era algo inimaginável, já que ele era, no mínimo, uma piada pela sua
atuação no filme “Demolidor – O Homem Sem Medo”.
Ele se encontrou
totalmente, já que a atuação não é o seu forte. A prova disso é que ele foi
muito bem neste papel, que se trata de um agente secreto que preza pela
discrição. A sua atuação discreta e que não chama nem um pouco a atenção caiu
como uma luva para o papel... Já seu trabalho como diretor... Esse sim chamou a
atenção.
“Argo fuck yourself...”
Arthur
Ordones
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Ele me convenceu, e eu acho que o interesse gerado no assunto discutido, mas para ser honesto, eu sinto um pouco elitista, porque nem todo mundo entende. Definitivamente vale a pena assistir Argo é um filme contou com inteligência, bom ritmo e um elenco muito atraente. É um fato de que é a melhor produção de Ben Affleck, vale a pena ver Argo é um filme contou com inteligência, bom ritmo e um elenco muito atraente.