Eu
tenho um que fica a 9.742 km e nós nos damos muito bem, aliás, em poucos meses
finalmente iremos nos conhecer.
Não,
eu não estou falando de uma pessoa... Talvez nesse caso realmente não desse
certo...
Alguém
sabe o que é amar um lugar que nunca conheceu? Ter uma grande fixação e carinho
por onde nunca pisou? Passar horas e horas de dias e dias pesquisando, lendo,
estudando sua história, curiosidades, costumes e, graças ao grande Google
Street View, andando por suas ruas, avenidas e praças, conhecendo seus
castelos, monumentos e lagos, todos rodeados por uma maravilhosa e única
paisagem que, com certeza, não existe igual em nenhum outro lugar do mundo?
Sim, é estranho, mas é possível...
Depois
da minha viagem à Escócia, que está marcada para o mês de outubro, um enorme e
apaixonado relato descreverá, com uma grande riqueza de detalhes, cada passo
que eu der dentro desse país magnífico, o MITO dos países, mas, enquanto isso, como
nasceu todo este amor?
Tudo
começou com um enorme interesse pela história do passado rico e fascinante do
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, um país insular e soberano
formado pela união política de quatro nações constituintes: Inglaterra, País de
Gales, Escócia e Irlanda do Norte. Os três primeiros países mencionados compõem
a ilha da Grã-Bretanha, enquanto o quarto e último fica na parte nordeste da
ilha da Irlanda, ou seja, apesar de ser uma nação integrante do Reino Unido,
não faz parte da Grã-Bretanha.
Meu
antigo interesse e curiosidade por história – principalmente medieval – e
geografia física e humana tomou um rumo, o que levou o estudo sobre essa região
a se tornar cada vez mais profundo, transformando a simples curiosidade em uma
paixão pelas histórias e paisagens de um lugar deslumbrante e pelos costumes e
modo de vida de um povo fascinante...
Uma história foi
puxando a outra e, quando vi, já estava no ano 6.000 a.C, lendo sobre a
Britânia pré-histórica. Com isso, resolvi que iria render mais se eu seguisse a
ordem dos fatos.
Da pré-história, com o
enigmático Stonehenge, cheguei às primeiras expedições de Júlio César, nos anos
55 e 54 a.C, até o início da conquista romana da Britânia, em 43 d.C. Passei
para a invasão dos germânicos anglo-saxões, que durou do século V até o século
XI e foi chamada de Idade das Trevas, e depois para a invasão dos Normandos, em
1066, que marcou o início da Idade Média.
Após cerca de 500 anos,
com o fim da era medieval, no século XV, cheguei ao início da Era Tudor, que em
apenas cem anos conseguiu dar fim a uma guerra civil, criar uma nova religião e
deixar a Inglaterra a um passo de se tornar uma grande potência mundial.
O término da Era Tudor me
fez chegar à Era Stuart, que reinou a Inglaterra e a Escócia por 111 anos.
Depois de alcançar a Era
Georgiana, que durou de 1714 a 1830, e a Era Vitoriana, terminada em 1901 e
marcada pela ‘Pax Britannica’, enfim cheguei ao século XX.
O século XX trouxe
consigo diversos fatos importantes na história do Reino Unido, como as duas
grandes guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) e o naufrágio do Titanic
(1912). Foi neste século também, em 1952, que a atual Rainha do Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda do Norte assumiu o trono, a Rainha Elizabeth II.
O Reino Unido da Grã-Bretanha
e Irlanda do Norte, na atual composição, começou a ser formado em 1284, quando
o Reino da Inglaterra incluiu o País de Gales em seu território. Em 1707, o
Reino da Escócia também se uniu a eles politicamente, criando assim o novo
Reino da Grã-Bretanha. Quase um século depois, em 1801, o Reino da Irlanda
também foi incorporado, nascendo assim o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.
Em 1922, o Estado Livre Irlandês foi estabelecido como um domínio separado, mas
somente em 1927, quando uma lei reincorporou ao reino seis condados irlandeses,
nasceu oficialmente o atual Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, que
entrou para a União Européia em 1º de janeiro de 1973.
Como acontece com quase
todo mundo que se interessa por essa região, surgiu o primeiro amor: Londres.
Comprei guias de viagem
e meu quarto praticamente se tornou uma miniatura da grande metrópole cosmopolita
britânica, porém, ao começar a planejar e organizar minha viagem para lá, em
meio às muitas leituras de relatos de viagem ao Reino Unido, visualização de
inúmeras fotos das paisagens, atrações, castelos e lagos, e estudo sobre as
características de cada um dos países que compõe o Reino, minha atenção foi
totalmente desviada para a Escócia.
Como pode existir um
lugar tão lindo e fascinante? Isso porque ainda nem o conheço pessoalmente.
Principalmente para
quem mora no Brasil, é lindo ler sobre um local com um padrão e expectativa de
vida tão altos, um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) considerado muito
elevado e índices tão insignificantes de corrupção, violência, pobreza, falta
de moradia e fome.
Claro que não é só
isso, se não a minha fixação seria... Não sei... Por qualquer país nórdico, de
preferência, a Noruega (espero visitá-la em breve também), que contém o maior
IDH do mundo e muitos outros índices assustadoramente perfeitos, mas é muito
mais que isso...
É difícil de explicar,
mas quando eu voltar da minha tão esperada viagem, vocês irão entender ao ler
sobre meus passeios, não só pela capital Edimburgo (um dos principais centros
financeiros da Europa) e outras grandes cidades, como Glasgow (a cidade mais
populosa do país), Stirling e Inverness (nas Highlands), como também pelo
vilarejo de Drumnadrochit, onde irei conhecer as ruínas do Castelo de Urquhart
à beira do misteriosíssimo Lago Ness - conhecido pela lenda de seu monstro;
pela maravilhosa e impecável ilha de Skye; pelo caminho de Fort William - onde
fica a estátua do grande William Wallace (guerreiro escocês interpretado pelo
ator Mel Gibson no filme Coração Valente) - até Mallaig, passando pelo viaduto
Glenfinnan (conhecido por ser onde o trem com destino a Hogwarts passa nos
filmes do Harry Potter); pelo Ben Nevis, conhecido por ser o ponto mais elevado
do Reino Unido, com 1.344 metros de altura, entre tantos outros locais
impressionantes.
Além dos lugares, o meu
encanto também se estende pela cultura e pelos costumes escoceses, como o do belíssimo
kilt, famoso saiote muito usado em eventos formais e conhecido por ser um traço
marcante da cultura e identidade do país. O kilt surgiu no século XVI, no norte
da Escócia, onde, na época, cada família ou clã tinha um tipo diferente de
quadriculado, o que identificava os seus integrantes.
Entre tantos outros
grandes símbolos da cultura escocesa, vale à pena lembrar também da música,
marcada pelo som da gaita de foles, e do lindo idioma gaélico escocês, uma
língua céltica falada somente por cerca de 1% da população de pouco mais de
cinco milhões de habitantes (cerca de 58 mil pessoas).
A língua oficial do
país é o inglês, mas, além do gaélico escocês, existe ainda a língua Scots,
falada também na Irlanda do Norte, que muitas vezes não é considerada um idioma
independente.
Uma curiosidade interessante
é sobre a moeda utilizada no país. Apesar de a libra esterlina ser a moeda
oficial de todo o Reino Unido e, portanto, ser aceita em qualquer lugar da
Escócia, o país contém uma moeda própria, chamada de libra escocesa. Ela contém
a mesma cotação da libra esterlina e é bem parecida visualmente, mas a
diferença é que as cédulas escocesas contêm imagens de grandes símbolos do
país, como o Castelo de Edimburgo.
Outra grande marca
registrada da Escócia é o Festival de Edimburgo, que ocorre todos os anos nas
três últimas semanas de agosto desde 1947 e é considerado o maior festival
cultural e arte do mundo, com cerca de um milhão de pessoas por edição.
Por último, mas não
menos importante, o grande uísque escocês. Claro que não podia faltar o famoso
Scotch Whisky. A bebida escocesa por excelência é considerada como a melhor do
ramo no mundo, além de ser o principal produto da economia escocesa no setor de
bebidas.
Pois é... Coisas
sensacionais para escrever sobre esse lindo país não faltam, mas, se preparem,
pois quando eu voltar o meu relato terá mais ou menos umas dez vezes o tamanho
deste.
Nos vemos em outubro,
Reino da Escócia... Meu amor a 9.742 km de distância...
“Tapadh leat”
Arthur Ordones
Arthur Ordones
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Lendo sua matéria fiquei com vontade de conhecer a Escócia também. Que descrição empolgada e apaixonada de um lugar tão distante e desconhecido.
Gostei também por ter passado as informações históricas da região. Parabéns! Texto nota 10 como sempre.
Sei exatamente o que vc sente. Tenho esse amor ha mais de 10 anos e hoje estou aqui por 1 semana apenas.....